Fósseis descobertos na região de Marília


Mariliasuchus amarali

Mariliasuchus amarali foi um pequeno réptil com características de crocodilo, que viveu no Período Cretáceo Superior.
Medindo até 1 metro de comprimento, possuía cranio e rostro altos, hábitos terrestres, e dieta alimentar bastante variada: herbívora, onívora, insetívora, carnívora e eventualmente necrófaga.
A presença de narinas externas terminais e órbitas laterais, indicam hábitos menos anfíbios, além de um número menor de dentes que as formas aquáticas.
Na região de Marília, seus fósseis muitas vezes são encontrados articulados, mostrando que quase não sofreram transporte, ou seja, o ambiente onde viviam deveria ser composto por rios de baixa energia, planícies e lagoas temporárias, que se originavam do acúmulo de águas de chuvas. Associados aos restos de Mariliasuchus são achados também ovos e coprólitos do mesmo réptil, escamas, dentes e restos ósseos de peixes, e restos de anfíbios.
Os estudos feitos com esses fósseis, e por analogia com espécimes encontrados no Maranhão e no Ceará, na Argentina e Uruguai, e também Nigéria, Malawi, Camarões e Ilha de Madagascar na Àfrica, permitiram concluir que de fato a América do Sul e a Àfrica estiveram unidas por um longo período, tempo esse em que a fauna pôde se desenvolver até quando começou a haver a separação dos continentes, fato que deve ter afetado muito a vida dos animais e das plantas, exigindo uma adaptação às mudanças de clima, de vegetação que devem ter provocado a extinção de muitas espécies, e a sobrevivência de outras.

Adamantinasuchus navae


Adamantinasuchus navae é o fóssil de um crocodilo terrestre encontrado em rochas com 90 milhões de anos. Trata-se de um dos mais raros fósseis já descobertos no Brasil, possuindo detalhes anatômicos bem preservados de seu crânio, coluna vertebral e membros locomotores.

Crânio articulado ao esqueleto 


Esqueleto pós craniano de Adamantinasuchus, mostrando excelente grau de preservação. 


Bacia Bauru: berço de Adamantinasuchus

Durante a abertura do Oceano Atlântico, a separação continental conduziu à formação deuma ampla área intracontinental deprimida, na qual se depositaram sedimentos de rios e lagos temporários em uma condição climática quente e seca. Estes depósitos de sedimentos, transformados em rochas, são atualmente conhecidos como Formação Adamantina, a qual dá nome ao novo gênero de crocodilo Adamantinasuchus.
A espécie Adamantinasuchus navae  é uma homenagem ao professor e paleontólogo William Nava, cuja contribuição ao conhecimento dos fósseis do município de Marília, tem sido de grande relevância para a Paleontologia brasileira.
As rochas desta região apresentam uma grande variedade de fósseis do período Cretáceo.


Adamantinasuchus navae possuía crânio alto e curto, típicos de uma nimal terrestre. Seus dentes indicam uma dieta bastante variada que incluía insetos, carnes e vegetais.

Reconstituição do Adamantinasuchus, um dos menores crocodilos fósseis já encontrados no Brasil

Importância  do fóssil
Adamantinasuchus navae, pequeno crocodilo de pouco mais de 50 cm de comprimento, mostra aspectos bastante intrigantes de sua morfologia craniana e do esqueleto. Um dado que chama a atenção são seus dentes, com incisivos pontiagudos projetados frontalmente e molares semelhantes aos dos mamíferos, características incomuns entre os crocodilos. Era um animal de hábitos onívoros, assim como Mariliasuchus amarali, outra espécie de crocodilo de pequeno tamanho encontrado em rochas da região. Análises realizadas até o momento  apontam que esses animais poderiam escavar o solo em busca de alimentos, como fazem os suínos atualmente.
O esqueleto de A. navae exibe ossos das pernas alongados e retos, bem maiores que os ossos dianteiros, possibilitando uma postura mais ereta e adequada a percorrer grandes distâncias.

Vários exemplares praticamente articulados e bem preservados de Adamantinasuchus foram descobertos na região.  Provavelmente  esses animais costumavam se abrigar na areia ou lama quando os corpos d'água secavam. Era uma  forma de resistir aos rigores ambientais daquele época, já que o clima extremamente quente tornava a região muito árida, com longos períodos de seca, alternados por  inundações rápidas que os surpreendiam ainda em vida, provocando seu soterramento.
A Bacia Bauru tem revelado importantes achados de crocodilos fossilizados nos últimos anos, tanto no oeste do estado de S. Paulo quanto no Triângulo Mineiro (MG) mas até o momento fósseis atribuídos a essas espécies  restringem-se à esta região, indicando uma fauna peculiar em relação á outras áreas sedimentares. O estudo desses fósseis tem contribuído para esclarecer muitos aspectos relativos à evolução desse grupo  e sua extinção juntamente com os dinossauros, durante o período Cretáceo.

 Reconstituição da região há milhões de anos, com crocodilos e dinossauros.


NOBRE, P.H. & CARVALHO, I.S. 2006.

Adamantinasuchus navae: A new Gondwanan Crocodylomorpha (Mesoeucrocodylia) fron the Late Cretaceous of Brasil. Gondwana Research, v. 10, nº 1, p. 370-378

Fotografias: Felipe Vasconcellos, Thiago Marinho e Ivan Evangelista Jr.
Maquetes e desenhos: Pepi
Designer gráfico: Diogo Batista

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